Fórum de Autorregulamentação enfrentará difícil missão de buscar convergências entre anunciantes, agências, veículos e plataformas digitais, mudar práticas estabelecidas e melhorar o ambiente de negócios da indústria.
Com a maior transformação de sua história nos estatutos e na governança, o Fórum de Autorregulamentação do Mercado Publicitário (Cenp) enfrenta desafios consideráveis após as recentes readesões da Associação Brasileira de Anunciantes (ABA) e do Interactive Advertising Bureau (IAB-Brasil). Essas mudanças simbolizam uma nova fase, marcada pela troca do nome original, Conselho Executivo das Normas-Padrão, em 1998.
A mudança de nome reflete a evolução do Cenp, que agora não mais se posiciona como um órgão fiscalizador de contratos entre anunciantes, agências e veículos. A readesão da ABA, que antes se opunha a práticas como advertências por não conformidade, indica uma mudança na abordagem. O presidente do Cenp, Luiz Lara, esclareceu que o órgão não atuará como um “bedel”, evitando interferências nas relações comerciais estabelecidas pelas empresas.
Com a retomada da ABA e do IAB, o Cenp continua sendo a única entidade que abrange todos os principais elos da indústria publicitária. Entretanto, seu papel agora é mais flexível, sem ser um fiscalizador estrito. A formação do novo conselho superior, com representações equilibradas de anunciantes, agências, veículos e plataformas digitais, será um teste importante. Outros aspectos cruciais incluem a interlocução com o poder público e o processamento dos dados de distribuição do investimento publicitário, além da possível reativação do Instituto para Acompanhamento da Publicidade (IAP).
Apesar do discurso atual de disseminar boas práticas, o novo Cenp enfrenta desafios complexos, incluindo questões relacionadas às plataformas digitais, o futuro da bonificação sobre volume (BV) e mudanças no cenário da indústria, como a internalização de atividades de comunicação pelos anunciantes e a abertura das agências para as redes de mídia. Enfrentar esses desafios requer um equilíbrio cuidadoso entre os interesses conflitantes de anunciantes, agências, veículos e plataformas digitais, especialmente considerando o cenário hostil atual.